Espaço Trans HIV, IST e Outros

Perspectivas de pessoas trans e de diversidade de gênero em serviços de saúde sexual no Reino Unido

Um estudo qualitativo conduzido no Reino Unido investigou a perspectiva de pessoas trans e de diversidade de gênero em serviços de saúde sexual. Sabe-se que esses grupos tendem a acessar menos os serviços do que pessoas cisgênero, além de relatarem experiências negativas em atendimentos com maior frequência. No Reino Unido, esse quadro se contrapõe a diretrizes de órgãos especializados, como o The British Association for Sexual Health and HIV, que recomendam políticas inclusivas direcionadas a esse público.

Publicado na edição de janeiro de 2025 no periódico Sexually Transmitted Infections, o artigo foi conduzido por Tom Witney, da University College London, e outros colaboradores. No total, foram organizadas 33 entrevistas semiestruturadas e 26 grupos focais, conduzidos com pessoas trans e de diversidade de gênero com idades de 17 a 71 anos, de 2022 a 2023.

Durante as entrevistas, os participantes relataram uma expectativa frequente de que os serviços de saúde sexual não são preparados para atendê-los. A opinião é reforçada pela falta de informações sobre seu perfil e necessidades, bem como pela falta de sinais visíveis de acolhimento, como bandeiras de orgulho trans, formulários de registro com opções não- binárias e banheiros neutros.

A qualificação da equipe de atendimento foi um ponto crucial apontado para uma experiência positiva. Por sua vez, foram apontadas divergências sobre a configuração física ideal para os serviços de saúde sexual. Enquanto alguns defenderam clínicas especializadas em pessoas trans e de diversidade de gênero, outras relataram preferir um atendimento comum com outros públicos.

O estudo reforça que a construção de serviços de saúde sexual realmente inclusivos não depende de soluções complexas, mas de um compromisso contínuo com práticas de acolhimento e respeito às identidades, em especial uma postura de escuta e abertura por parte das equipes. Ao evidenciar essas demandas, a pesquisa contribui para que recomendações já existentes sejam fortalecidas e aplicadas de forma efetiva, lembrando que a presença ativa das próprias comunidades no desenho dos serviços é condição indispensável para que a inclusão se torne realidade.

Link para o artigo: https://sti.bmj.com/content/sextrans/101/5/287.full.pdf