PrEP Brasil: mensagens de texto para apoiar adesão à profilaxia entre HSH e mulheres transgênero
Os telefones celulares tornaram-se ferramentas populares para apoiar intervenções de saúde pública em todo o mundo. No Brasil, mensagens de texto, via SMS, se mostraram abordagens simples e de baixo custo, com alto potencial de melhorar a adesão à profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV.
Estudo conduzido por Luana Marins, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, no Rio de Janeiro, e demais pesquisadores*, examinou a eficácia de mensagens de SMS na adesão à PrEP oral diária entre jovens gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres transgênero. A análise foi publicada, em 18 de julho de 2025, na revista JMIR Publications.
De abril de 2014 a julho de 2016, um conjunto de participantes do estudo PrEP Brasil, que avalia a administração da profilaxia no Sistema Único de Saúde (SUS), foi dividido em dois grupos: um de controle, que recebeu um suporte de adesão padrão à profilaxia, outro de intervenção, que recebeu um suporte de adesão padrão, além de mensagens de SMS.
Dos 417 voluntários, com idades que variavam de 18 a 24 anos, incluídos na pesquisa, 210 foram selecionados para o grupo de controle e 207 para o de intervenção. Durante o período de acompanhamento de 48 semanas, 14.099 SMS matinais foram disparados com a mensagem “você está bem?”. Dessas, 49,4% foram respondidas, com a maioria (97,2%) dizendo que “sim”. Os que responderam “não” foram contatados e receberam apoio psicológico.
Os participantes que receberam as mensagens de SMS tiveram 2,5 mais chances de apresentar uma adesão adequada à PrEP. Mais de três quartos (76%) consideraram as mensagens úteis ou muito úteis. Desses, 80,2% afirmaram que recomendariam a intervenção como uma estratégia de apoio à adesão para os usuários da profilaxia.
Entre os voluntários que recomendariam a intervenção, 77,2% o fariam a todos os usuários de PrEP e 16,2% apenas aos que possuem problemas de adesão. A periodicidade semanal das mensagens de SMS foi considerada adequada por 80% dos participantes.
De acordo com os autores, a intervenção realizada via mensagens de SMS mostrou-se eficaz e melhorou a adesão à PrEP entre jovens HSH e mulheres trans no Brasil. Eles ressaltam que novas estratégias de retenção na profilaxia, utilizando mensagens de WhatsApp e aplicativos de smartphones, devem ser priorizadas entre minorias sexuais e de gênero.
Fonte: site da JMIR Publications, de 18 de julho de 2025.
(https://www.jmir.org/2025/1/e72360/)
*Autores:
Luana Marins (1), Thiago Torres (1), Ronaldo Moreira (1), Iuri Leite (2), Marcelo Cunha (2), Brenda Hoagland (1), Lucilene Freitas (1), Debora Castanheira (1), Carolina Coutinho (1), Emília Jalil (1), Mayara Secco (1), José Madruga (3), Beatriz Grinsztejn (1) e Valdilea Veloso (1).
1 – Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil
2 – Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil
3 – Centro de Referência e Treinamento IST/AIDS, São Paulo, Brasil.