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TARV reduz mas não elimina a transmissão vertical do HIV na América Latina

O uso da terapia antirretroviral (TARV) durante a gravidez praticamente eliminou a transmissão vertical do HIV em várias regiões do mundo, mas na América Latina alguns casos continuam sendo registrados. Estudo conduzido por Gabriel Castillo-Rozas, da Universidade do Chile, em Santiago, e outros pesquisadores*, incluindo do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, investigou a incidência da transmissão vertical do HIV na América Latina. O ensaio foi publicado, em 3 de abril de 2025, no Jornal of the International AIDS Society.

A equipe do estudo coletou dados de mulheres cisgênero, maiores de 15 anos, que viviam com o vírus e frequentavam clínicas públicas de HIV no Brasil, Chile, Peru e Honduras. De 2013 a 2020, 623 gestantes, que deram à luz 727 bebês nascidos vivos, foram incluídas na pesquisa. No total, 613 bebês (84,3%) possuíam o status de HIV conhecido, dos quais 22 (3,6%) testaram positivo para o vírus.

Apenas quatro das 22 mães (18%) de bebês diagnosticados com HIV estavam em TARV no momento do parto. Em contrapartida, 403 das 591 mães (68%) de bebês HIV negativos também faziam uso da terapia antirretroviral na época do parto. O uso da TARV foi associado a uma redução de 85% nas chances de transmissão vertical do vírus.

Para os autores, a utilização da TARV esteve fortemente relacionada a uma menor probabilidade de transmissão vertical do HIV. Eles afirmam, porém, que o acesso à terapia antirretroviral durante a gravidez permanece abaixo do ideal na região da América Latina e que novas estratégias ainda são necessárias para garantir a sua implementação efetiva.

Fonte: site do Journal of the International AIDS Society, de 3 de abril de 2025.

(https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/jia2.26411#)

 *Autores:

Gabriel Castillo-Rozas (1), Fernanda Fonseca (2), Jéssica Castilho (3), Peter Rebeiro (3), Daisy Machado (4), Marco Luque (5), Emília Jalil (6), Fernando Mejía (7), Ahra Kim (3), Bryan Shepherd (3) e Cláudia Cortes (1)

(1) Universidade do Chile, Santiago, Chile

(2) AIDS Health Care Foundation, São Paulo, Brasil

(3) Universidade Vanderbilt, Nashville, EUA

(4) Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, Brasil

(5) Hospital Escola Universitária, Tegucigalpa, Honduras

(6) Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil

(7) Universidade Peruana Cayetano Heredia, Lima, Peru.