O editorial da edição de março do periódico The Lancet HIV reflete sobre os impactos para a saúde global e o enfrentamento ao HIV devido às recentes decisões tomadas pelo governo Trump. Os efeitos de tais medidas não se restringem à saúde pública e à pesquisa científica dos Estados Unidos, mas se estendem a diversos outros países.

O texto menciona as ordens executivas para a paralisação de programas como o PEPFAR (Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio da Aids, em tradução livre), responsável por salvar mais de 26 milhões de vidas em todo o mundo e que vinha desempenhando um papel fundamental na implementação de programas relativos à profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV. A suspensão de financiamento de iniciativas como essa traz consequências drásticas para as populações vulneráveis. Apesar de a transição para um financiamento de programas por recursos domésticos já estar em andamento em diversos países, tal medida demanda tempo e implementação gradual, incompatíveis com rupturas abruptas.

Além dos ataques a ações vinculadas ao combate ao HIV, o editorial menciona ofensivas mais amplas a pautas de equidade de gênero e diversidade, como a orientação executiva para que cientistas empregados pelo governo se afastem de pesquisas relacionadas à saúde de pessoas transgênero. Nesse sentido, o texto afirma que “pesquisa sobre HIV que não reconhece a diversidade de gênero é uma negação da realidade e uma anticiência”.

Para fazer frente ao retrocesso ideológico, o texto convoca a comunidade internacional a reagir ao vácuo de financiamento e confiabilidade aberto pelo atual governo estadunidense, o que demanda gestos de solidariedade global. Diante da retirada dos EUA como parceiro confiável, cabe agora a outros países e organismos internacionais assumirem o protagonismo, de modo que os direitos de populações vulneráveis continuem a ser garantidos.

Link para o texto: https://www.thelancet.com/journals/lanhiv/article/PIIS2352-3018(25)00038-4/fulltext