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Confira os destaques da live “Ecos da CROI 2025”, promovida pelo ImPrEP CAB Brasil

O ImPrEP CAB Brasil promoveu, no dia 8 de abril de 2025, em seu canal institucional no YouTube, a live “Ecos da CROI 2025”. No encontro, o médico infectologista do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI-Fiocruz), Matheus Bastos, e o médico residente em infectologia do INI-Fiocruz, Thiago Netto, discorreram sobre os principais trabalhos científicos apresentados na 32ª Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI), realizada de 9 a 12 de março, em São Francisco, nos Estados Unidos. A mediação da reunião virtual ficou a cargo de Luciana Kamel, Julio Moreira e Keila Simpson, integrantes da coordenação da educação comunitária do ImPrEP CAB Brasil.

Thiago abriu o encontro falando sobre a origem do CROI e lembrando de sua importância na luta contra a aids. Em seguida, apresentou um estudo que testou o medicamento antirretroviral lenacapavir como profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV na modalidade injetável semestral e anual. O médico revelou que o medicamento registrou alta eficácia na prevenção do vírus.

O estudo ImPrEP CAB Brasil também foi abordado por Thiago. O médico apresentou a população da pesquisa e destacou que 83% dos participantes optaram por receber a PrEP injetável de longa duração, baseada no cabotegravir, ao invés da PrEP oral diária. Ele informou que a adesão às visitas de injeção, foi superior a 90%, índice considerado altamente satisfatória, e que nenhuma soroconversão ao HIV foi registrada entre aqueles que receberam a modalidade injetável da profilaxia.

Em seguida, Thiago discorreu sobre um estudo apresentado no evento acerca de três novos medicamentos antirretrovirais injetáveis e semestrais: lenacapavir, teropavimab e zinlirvimab. Resultados preliminares mostraram que as substâncias, quando combinadas, têm o potencial de manter a carga viral suprimida em pessoas que vivem com HIV. Ele ressaltou que novos ensaios clínicos sobre os medicamentos deverão ser realizados.

DoxyPEP, anticorpos amplamente neutralizantes e mpox

Antes de passar a palavra a Matheus, o médico citou um estudo realizado em Vancouver, no Canadá, sobre a DoxyPEP (doxiciclina) como profilaxia pré exposição a infecções sexualmente transmissíveis (IST). Destacou, ainda, outro estudo, desenvolvido em São Francisco, nos Estados Unidos, com esse medicamento sendo usado como profilaxia pós-exposição a IST. Nessa análise, observou-se significativa redução da incidência de infecções bacterianas (sífilis, clamídia e gonorreia) entre os participantes. O médico ressaltou que as próximas análises sobre o medicamento devem priorizar as consequências a longo prazo da DoxyPEP para seus usuários.

Matheus abriu sua explanação falando sobre as possibilidades de remissão do HIV e lembrou que já existem casos no mundo de pessoas em que os exames não detectam o vírus. Ele prosseguiu apresentando o estudo RIO, realizado no Reino Unido e na Dinamarca, sobre anticorpos amplamente neutralizantes para o controle do HIV, sem a utilização da terapia antirretroviral. Ele informou que esses anticorpos conseguiram manter a supressão viral dos participantes por até 72 semanas, mas que depois desse período foi necessária a retomada do tratamento do vírus com medicamentos padrões.

A mpox foi outro tema abordado por Matheus. O médico discorreu sobre três estudos disponibilizados na CROI que testaram medicamentos contra a doença: Palm-007, Stomp e Unity, os dois últimos com participantes brasileiros. No Palm-007 e no Stomp, os medicamentos não demonstraram eficácia e ambos os ensaios foram interrompidos. O Unity ainda se encontra em andamento.

O médico encerrou o encontro mostrando os doze trabalhos apresentados pelo INI/Fiocruz na conferência. Deu especial destaque para os estudos que tratavam do rastreamento da sífilis em pessoas que vivem com HIV, da depressão e do risco de suicídio entre minorias sexuais e de gênero que utilizam PrEP injetável com CAB-LA, da conscientização sobre a DoxyPEP entre minorias sexuais e de gênero no Brasil, da preferência pela PrEP injetável de longa duração entre as populações-chave do Brasil e da aquisição recente de HIV entre mulheres transgênero do centro-oeste brasileiro.

Antes das despedidas, Thiago e Matheus responderam a dúvidas dos internautas que assistiam à live e dos moderadores. A PrEP injetável semestral, baseada no lenacapavir, e a PrEP injetável de longa duração, baseada no cabotegravir, foram os assuntos predominantes, embora temas como a PrEP oral diária e medicamentos antirretrovirais também tenham sido mencionados.

A live pode ser assistida no Canal ImPrEP, em www.imprep.org, ou no canal do projeto no YouTube (https://www.youtube.com/@projetoimprepini-fiocruz6657).