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Marcadores precoces de soroconversão do HIV no ImPrEP: opções para suporte personalizado

O ImPrEP CAB Brasil apresentou o simpósio-satélite “Promovendo abordagens centradas nas pessoas para a oferta da PrEP: a experiência do projeto ImPrEP” na 25ª Conferência Internacional sobre AIDS (AIDS 2024), realizada em julho, em Munique, na Alemanha.

O encontro, que aconteceu no dia 23 de julho, contou com a participação de Carlos Cáceres, pesquisador principal do estudo no Peru, exibindo, de forma virtual, os resultados da análise “Marcadores precoces de soroconversão do HIV no ImPrEP*: opções para suporte personalizado”.

 Logo de início, Cáceres apresentou os objetivos da análise realizada. Ele destacou a necessidade de avaliar, na soroconversão do HIV, o papel das variáveis sociodemográficas e comportamentais coletadas na visita de inclusão para o recebimento da profilaxia pré-exposição (PrEP) oral e na primeira visita de acompanhamento.

Em seguida, o pesquisador passou para os resultados do trabalho. De acordo com Cáceres, as maiores taxas de soroconversão precoce foram registradas entre pessoas de 18 a 24 anos, em mulheres trans, em participantes que praticavam sexo anal receptivo sem preservativo, em pessoas que relataram trabalho sexual, em voluntários com diagnósticos de alguma infecção sexualmente transmissível (IST), tendo o Peru apresentado o mais índice de soroconversão quando comparado a Brasil e México.

Entre os participantes de 18 a 24 anos, o Brasil foi o país que apresentou as taxas mais elevadas de soroconversão precoce para HIV. O Peru registrou a maior taxa de soroconversão precoce entre as mulheres trans, enquanto o México apresentou as taxas mais elevadas de soroconversão precoce entre aqueles que praticavam sexo anal sem preservativo e os voluntários com diagnósticos de IST.

O pesquisador relacionou a maior taxa de soroconversão do Peru no estudo com o menor nível educacional entre os participantes daquele país, um maior número de profissionais do sexo e uma disponibilidade tardia de informações sobre a PrEP. Outro fator importante foi o fechamento de clínicas que disponibilizam a profilaxia por quarentena declarada pelo governo, por até cinco meses e meio, durante a pandemia de Covid-19.

Cáceres concluiu dizendo que HSH e mulheres trans da América Latina que relatam trabalho sexual e diagnósticos de IST correm maior risco de soroconversão precoce. Essas populações devem receber suporte adicional ao iniciar a PrEP, incluindo entrevistas motivacionais e atividades de redução de estigma. Ele afirma que a modalidade injetável de longa duração da profilaxia será fundamental quando estiver disponível em toda a região.

*A primeira etapa do estudo ImPrEP, voltado exclusivamente à oferta da PrEP oral, ocorreu de 2018 a 2021, no Brasil, México e Peru.