Espaço HSH PrEP, HSH e trans

Relação entre homofobia internalizada e discriminação com o uso e descontinuidade da PrEP entre HSH

Um artigo publicado na edição de outubro do periódico BMC Infectious Diseases investigou o papel da homofobia internalizada e discriminação no uso e na descontinuidade da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV. Com autoria de Karine Barreto, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, da Fiocruz/RJ, e de outros colaboradores da Escola e do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, também da Fiocruz/RJ*, o estudo utilizou como guia de investigação o Modelo de Estresse de Minorias, ferramenta teórica que busca entender de que maneira estresses sociais prejudicam o engajamento em comportamentos preventivos de saúde.

De novembro de 2021 a janeiro de 2022, os pesquisadores conduziram um questionário on-line com gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) brasileiros recrutados a partir de aplicativos de relacionamento e mídias sociais. Para mensurar a homofobia internalizada e a discriminação, foram usadas a Escala de Reações à Homossexualidade e a Escala de Discriminação Explícita.

Após aplicar os critérios de elegibilidade, a amostra final foi composta por 2.840, dos quais 71,3% nunca haviam usado PrEP, 22,8% a estavam usando no momento da pesquisa e 5,9% haviam descontinuado o uso. Quanto aos resultados, os autores associaram uma maior homofobia internalizada com uma menor probabilidade de uso da PrEP. Por sua vez, experiências discriminatórias, especialmente em centros de saúde, mostraram-se associadas a uma maior probabilidade de interromper o uso da profilaxia.

Os achados do estudo apoiam a hipótese de que a autoestigmatização e a discriminação prejudicam o uso e persistência em PrEP. Dessa forma, os autores concluem que, para garantir a eficácia da prevenção ao HIV, programas de implementação da profilaxia devem adotar estratégias direcionadas para reduzir estigmas e promover ambientes de maior aceitação e inclusão para a população LGBTI+.

Link para o artigo:   https://bmcinfectdis.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12879-025-11742-4

Autores:

Karine Barreto (1), Thiago Torres (2), Lucilene Freitas (2), Brenda Hoagland (2), Emília Jalil (2), Valdiléa Veloso (2), Beatriz Grinsztejn (2) e Paula Luz (2).

(1) Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil

(2) Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil.