Mulheres transgênero que vivem com HIV na França e exposição à violência
Em todo o mundo, o estigma e a violência sofridos por mulheres transgênero e profissionais do sexo impactam negativamente o acesso dessas populações ao tratamento do HIV e aos cuidados de saúde em geral.
Estudo conduzido por Marion Fiorentino, da Universidade de Marseille, na França, e outros pesquisadores, examinou as tipologias de violência enfrentadas por mulheres trans francesas, que viviam com HIV, envolvidas ou não com trabalho sexual. A análise foi apresentada, em forma de pôster, na 13ª Conferência da Internacional AIDS Society (IAS 2025), realizada, de 13 a 17 de julho, em Kigali, Ruanda.
Os investigadores realizaram um estudo transversal, de novembro de 2020 a novembro de 2022, com 539 mulheres transgênero, recrutadas em 36 clínicas de tratamento do vírus situadas na França.
Durante a pesquisa, foram identificadas quatro tipologias diferentes de violência: “violência de clientes” (relatada por 17% das voluntárias), “violência de múltiplos executores” (envolvendo clientes, transeuntes, policiais, colegas, parceiros sexuais e familiares – 11%), “baixa violência” (42%) e “nenhuma violência” (30%).
A “violência de clientes” foi associada à interrupção da terapia antirretroviral por pelo menos cinco dias e ao consumo de drogas estimulantes, enquanto a “violência de múltiplos executores” foi relacionada ao uso diário de cannabis e à depressão. A “baixa violência” foi associada, em menor escala, à depressão e ao uso esporádico de cannabis.
De acordo com os autores, a maior parte das mulheres transgênero que vivem com HIV, envolvidas ou não com trabalho sexual, enfrenta episódios de violência física e/ou psicológica na França. Eles destacam que, em um contexto de transfobia estrutural e criminalização do trabalho sexual, garantir um acesso equitativo aos cuidados de HIV e serviços de saúde mental é fundamental para a proteção dos direitos humanos e melhoria das condições socioeconômicas dessa população.
Fonte: site da IAS, de 16 de julho de 2025.
(https://programme.ias2025.org/Abstract/Abstract/?abstractid=1590)