PrEP: temas gerais

Fatores que influenciam decisões sobre a PrEP entre mulheres cis quenianas

Mulheres cisgênero do continente africano enfrentam um risco desproporcional de aquisição do HIV quando comparadas com pessoas do sexo masculino. Embora o acesso à profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV tenha sido ampliado de forma considerável na região nos últimos anos, as taxas de utilização do medicamento permanecem abaixo da ideal.

Estudo conduzido por Vallery Ogello, do Instituto Nacional de Pesquisa Médica, em Nairóbi, no Quênia, e outros pesquisadores, teve o objetivo de compreender decisões relacionadas ao uso da PrEP oral diária entre mulheres, em idade fértil, quenianas. O ensaio foi publicado, em 8 de julho de 2025, na revista Frontiers.

Os investigadores realizaram entrevistas em profundidade com mulheres, de 16 a 40 anos, que frequentassem clínicas de planejamento familiar naquele país e tivessem reiniciado, descontinuado, adiado ou recusado o uso da PrEP nos doze meses anteriores.

Um total de 164 mulheres foram incluídas na pesquisa, realizada de setembro a novembro de 2023. A média de idade da amostra foi de 24,5 anos. A maioria (88%) informou utilizar algum método de planejamento familiar, sendo os anticoncepcionais injetáveis mensais (42%) os mais citados.

O ato de reiniciar ou descontinuar a PrEP foi diretamente influenciado pela percepção de risco de infecção pelo HIV. O sentimento de risco elevado de aquisição do vírus, em função de possuir múltiplos parceiros sexuais, foi o principal motivo para o reinício da profilaxia. Por outro lado, apresentar um relacionamento estável, o que causava uma sensação de segurança associada ao HIV, foi o fator mais comum para a descontinuidade do medicamento.

As mulheres que adiaram o uso da PrEP o fizeram principalmente por falta de autonomia, influência negativa dos parceiros e informações insuficientes sobre a eficácia da profilaxia. A crença em possíveis efeitos colaterais e o medo do estigma relacionado ao medicamento, principalmente por parte de familiares e amigos, foram as principais causas para a recusa da PrEP.

Segundo os autores, as mulheres que descontinuaram, adiaram ou recusaram a PrEP necessitam de um apoio personalizado para que compreendam os riscos da infecção pelo HIV e se certifiquem da eficácia e da segurança profilaxia na prevenção do vírus. Eles afirmam que novas análises são necessárias para que o acesso à PrEP oral diária seja ampliado e novas modalidades do medicamento, como a PrEP injetável de longa duração, possam ser implementadas com sucesso na região.

Fonte: site da Frontiers, de 8 de julho de 2025.

(https://www.frontiersin.org/journals/medicine/articles/10.3389/fmed.2025.1552132/full_)