Espaço Trans PrEP, HSH e trans

Experiências com a PrEP entre mulheres transgênero norte-americanas e porto-riquenhas

Dados sobre a escolha da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV em ambientes fora de estudos clínicos ou de implementação ainda são limitados, sobretudo entre as populações mais vulneráveis. Estudo conduzido por Erin Cooney, da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins, em Baltimore, nos Estados Unidos, e outros pesquisadores, investigou escolhas e experiências de mulheres transgênero norte-americanas e porto-riquenhas relacionadas à PrEP. A análise foi apresentada, em forma de pôster, na 13ª Conferência da Internacional AIDS Society (IAS 2025), realizada, de 13 a 17 de julho, em Kigali, Ruanda. 

De novembro de 2022 a novembro de 2024, 439 participantes, HIV negativas, residentes nos EUA ou em Porto Rico, que haviam usado a PrEP nos 12 meses anteriores, foram incluídas na pesquisa. Dessas, 415 (95%) tomaram a modalidade oral diária 15 (3%) utilizaram a injetável de longa duração e nove (2%) fizeram uso de ambas.

Aproximadamente 90% das voluntárias classificaram as experiências com a PrEP como positivas ou muito positivas. As classificações não diferiram significativamente de acordo com a modalidade da profilaxia escolhida ou com características demográficas.  

Os motivos mais relatados para a utilização da PrEP oral diária foram tomar comprimidos ao invés de injeções (35%), a recomendação do profissional de saúde (32%) e desconhecer outras modalidades da profilaxia (31%). Para o uso da injetável de longa duração, as principais razões foram a praticidade (79%), não gostar de comprimidos (38%) e a orientação do profissional de saúde (21%).

Em relação aos desafios de adesão, a dificuldade de ingestão de um comprimido diário (28%), os efeitos colaterais (25%) e o estigma (22%) foram os mais citados entre aquelas que tomavam a PrEP oral diária. Entre as usuárias da modalidade injetável de longa duração, os desafios mais lembrados foram os efeitos colaterais (38%), a necessidade de visitas clínicas rotineiras (33%) e o estigma (21%).

Em comparação com as mulheres trans brancas e não hispânicas, as negras e latinas relataram uma quantidade maior de experiências estigmatizantes associadas à profilaxia. Essas experiências incluíram suspeitas sobre o status de HIV, suposições sobre o número de parceiros e práticas sexuais, bem como a desaprovação do uso do medicamento por parte de familiares e parceiros.

Segundo os autores, a maioria das mulheres transgênero norte-americanas e porto-riquenhas descreveram experiências positivas com a PrEP, mas as motivações, experiências e desafios relacionados à profilaxia podiam diferir de acordo com a raça e a etnia. Eles destacam a importância de se realizar novos estudos sobre o tema, a fim de melhorar a retenção e a adesão ao medicamento entre essa população.

Fonte: site da IAS 2025, de 14 de julho de 2025.

(https://programme.ias2025.org/Abstract/Abstract/?abstractid=2284)