Artigo ImPrEP aborda a incidência de sífilis entre participantes do projeto no Peru
A edição de julho de 2025 do Journal of the International Aids Society traz artigo assinado por Silver Vargas, da Universidade Peruana Cayetano Heredia, de Lima, e outros colaboradores*, que investigaram a relação entre a adesão à profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV e a incidência de sífilis entre gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH), travestis e mulheres transgêneros voluntários do projeto ImPrEP no Peru.
O artigo apresenta os resultados de um estudo, realizado de abril de 2018 a junho de 2021, que incluiu 2.039 HSH e 253 travestis e mulheres trans com uma adesão adequada (quatro ou mais comprimidos de PrEP oral por semana, equivalente a uma taxa de posse de medicamentos igual ou maior que 0,6). No total, 205 casos de sífilis foram identificados entre 185 pessoas, com uma incidência de 9,1 casos por 100 pessoas/ano entre travestis e mulheres trans, e de 8,3 casos por 100 pessoas/ano entre HSH.
Os resultados demonstraram, ainda, uma incidência maior entre participantes que relataram sexo anal receptivo sem preservativo, travestis e mulheres trans. Em comparação com os participantes do ImPrEP com baixa adesão (menos de quatro comprimidos por semana), os usuários com alta adesão apresentaram risco 46% maior de infecção por sífilis.
Em decorrência do forte impacto da pandemia de Covid-19, o estudo também dividiu os dados entre o período pré (até 16 de março de 2020) e pós-pandêmico (de 17 de março de 2020 a junho de 2021). Os resultados demonstraram uma incidência de sífilis maior entre participantes que informaram sexo anal receptivo sem preservativo no período anterior à pandemia; já no período pandêmico, a incidência foi maior entre participantes que testaram positivo para sífilis no momento de inscrição no ImPrEP.
Com uma incidência de sífilis considerada alta, os achados do estudo reforçam a noção de que a adesão à PrEP precisa ser acompanhada de estratégias complementares de monitoramento de outras infecções sexualmente transmissíveis e da adoção de novos métodos de prevenção a essas infecções, como a profilaxia pós-exposição com doxiciclina (DoxyPEP).
Link para o artigo:
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/jia2.70002
* Autores do artigo:
Silver Vargas (1), Kelika Konda (1), Ronaldo Moreira (2), Iuri Leite (2), Marcelo Cunha (2), Brenda Hoagland (2), Juan Guanira (1), Marcos Benedetti (2), Cristina Pimenta (2), Beatriz Grinsztejn (2), Valdiléa Veloso (2) e Carlos Cáceres (1).
(1) Centro de Investigação Interdisciplinar em Sexualidade, Aids e Sociedadw, Universidade Peruana Cayetano Heredia, Lima, Peru
(2) Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil.