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Estigmas relacionados à mpox no Reino Unido

O estigma relacionado a doenças e infecções é um fenômeno complexo, que inclui desde a autodepreciação e hesitação a buscar tratamento até barreiras institucionais, perpetuando ciclos de exclusão e respostas ineficientes da saúde pública. Detectar e endereçar causas e consequências de estigmas é uma parte fundamental do controle de surtos e epidemias.

Artigo publicado na edição de julho de 2025 do periódico BMC Medicine investigou os estigmas relacionados à mpox no Reino Unido e seus impactos no bem-estar individual e no controle do surto. Com autoria de Amy Paterson, da Universidade de Oxford e outros colaboradores, o estudo desenvolveu e validou uma nova ferramenta, a Stigma-SCANR, para detectar causas, manifestações e consequências do estigma relacionado à doença.

No total, 437 voluntários foram incluídos, tendo sido acessados por meio de questionário on-line veiculado de março a julho de 2024. Dentre os participantes, 78% da amostra pertenciam a grupo de gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) e 22% a profissionais de saúde. Por sua vez, 3% do total possuíam diagnóstico prévio de mpox.

Os resultados da pesquisa demonstraram que as principais manifestações do estigma foram impulsionadas pelo medo de infecção e desinformação sobre a doença. Além disso, os autores notaram que os estigmas também se relacionavam a preconceitos preexistentes direcionados a grupos associados com a mpox, especialmente HSH e migrantes.

Dentre os estigmas sociais que geram receio, o julgamento e a evitação foram os mais relatados, em especial por parte de parceiros casuais e da comunidade em geral. A vergonha foi o estigma mais relacionado à hesitação em buscar tratamento. Por sua vez, 321 entrevistados (74%) acreditavam que pessoas de sua comunidade poderiam machucar ou ameaçar fisicamente alguém com mpox.

Como conclusão, os autores afirmam que a análise do mpox no Reino Unido pode oferecer indicações para a resposta internacional a surtos dessa e de outras doenças. Também foi ressaltada a necessidade de práticas para a redução de estigmas, destacando não apenas a necessidade de se combater a desinformação, mas também as desigualdades estruturais que ampliam a marginalização.

Link para o artigo:      https://bmcmedicine.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12916-025-04243-3.