Características da carga viral não suprimida em crianças e adolescentes da África Subsaariana
O HIV continua sendo um problema grave entre crianças e adolescentes da África Subsaariana. De acordo com informações disponibilizadas por hospitais, clínicas e órgãos oficiais, ainda existe uma proporção substancial de pessoas dessa faixa etária que apresentam cargas virais não suprimidas, apesar da crescente oferta de terapia antirretroviral (TARV) nos serviços de saúde da região.
Estudo de meta-análise, conduzido por Oliver Mukuku, do Instituto Nacional de Medicina, em Lubumbashi, na República Democrática do Congo, e outros pesquisadores, estimou a prevalência de carga viral não suprimida e identificou fatores que contribuíram para esse problema, em crianças e adolescentes que vivam com HIV e faziam a TARV na África Subsaariana. O ensaio foi publicado, em 2 de junho de 2025, na revista The Lancet HIV.
Os investigadores analisaram todos os estudos publicados, de junho de 2010 a novembro de 2024, que incluíssem pessoas da região que estivessem em TARV e fossem menores de 20 anos. O software STATA foi utilizado para calcular a prevalência de carga viral não suprimida e identificar os fatores que contribuíram para a não supressão viral.
De um total de 13.121 pesquisas identificadas, apenas 52, envolvendo 169.949 crianças e adolescentes em TARV, atenderam aos critérios de inclusão. A prevalência geral de carga viral não suprimida encontrada nessas análises foi de 26,47%. Em estudos que contavam apenas com crianças de até 15 anos, a prevalência de carga viral não suprimida foi de 24,76%. Já em ensaios com adolescentes de 15 a 20 anos, a prevalência de carga viral não suprimida ficou em 28,52%.
Os principais fatores associados a não supressão viral foram possuir menos de cinco anos de idade, ser do sexo masculino, residir em áreas rurais, ser órfão, ter baixa adesão à TARV, baixa contagem de células CD4, histórico de infecções oportunistas, histórico de mudança de tratamento antirretroviral e realizar a TARV à base de nevirapina.
Segundo os autores, a carga viral não suprimida em crianças e adolescentes da África Subsaariana é influenciada por fatores sociodemográficos, clínicos, imunológicos e relacionados ao tratamento. Eles afirmam que abordar essas questões por meio de estratégias aprimoradas de adesão à TARV é crucial para melhorar os resultados de saúde dessa população.
Fonte: site da The Lancet HIV, de 2 de junho de 2025.
(https://www.thelancet.com/journals/lanhiv/article/PIIS2352-3018(25)00039-6/abstract)