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Uso atual e prévio de PrEP e fatores associados entre minorias sexuais e de gênero do Brasil, México e Peru

Embora o acesso à profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV na modalidade oral diária esteja sendo ampliado na América Latina, a adesão ao medicamento permanece baixa na região. Estudo conduzido por Kelika Konda, da Escola de Medicina da Universidade do Sul da Califórnia, em Los Angeles, nos Estados Unidos, e outros pesquisadores*, avaliou a frequência e os fatores associados ao uso de PrEP entre minorias sexuais e de gênero do Brasil, México e Peru. A análise foi apresentada, em forma de pôster, na 13ª Conferência da Internacional AIDS Society (IAS 2025), ocorrida, de 13 a 17 de julho, em Kigali, Ruanda. 

De agosto a novembro de 2024, os investigadores realizaram pesquisa on-line envolvendo pessoas pertencentes a minorias sexuais e de gênero, maiores de 18 anos e HIV negativas para perguntar sobre o uso atual e anterior de PrEP. Também foram abordadas questões relativas à idade, país de residência, renda, escolaridade, raça/etnia, depressão, homonegatividade (reações à homossexualidade), risco autopercebido para o HIV, conhecimento sobre o vírus, número de parceiros sexuais, prática recente de chemsex (uso de drogas durante a prática sexual) e sexo com pessoas vivendo com HIV/status de HIV desconhecido.

Entre os 9.257 participantes incluídos (65,5% do Brasil, 24,6% do México e 9,9% do Peru), 2.380 (25,9%) eram usuários atuais de PrEP e 649 (7,1%) eram usuários anteriores da profilaxia. O uso atual do medicamento variou significativamente entre os países (32,1% no Brasil, 21,7% no Peru e 19% no México).

O uso atual de PrEP foi associado a ser residente no Brasil, ter ensino superior, maior renda, menor homonegatividade, menor autopercepção de risco para o HIV, maior conhecimento sobre o vírus, maior número de parceiros sexuais, fazer mais sexo com pessoas vivendo com HIV/status de HIV desconhecido e à prática de chemsex recente.

O uso anterior da profilaxia foi associado ao ensino médio, à maior autopercepção de risco para o HIV, a ter menos parceiros sexuais e a fazer menos sexo com pessoas vivendo com HIV/status de HIV desconhecido.

De acordo com os autores, o uso atual da PrEP oral diária foi maior no Brasil, onde o medicamento está disponível desde 2018, em comparação com o México e o Peru. Eles destacam que a associação do uso da profilaxia com maior escolaridade e renda, apesar de sua disponibilidade gratuita, aponta para a necessidade de uma melhor comunicação e intervenção em saúde pública.

*Autores:

Kelika Konda(1 e 2), Thiago Torres(3), Hamid Vega-Ramirez (4), Jazmin Qquellón (2), Carlos Cáceres (2), Paula Luz (3), Brenda Hoagland (3), Cristina Pimenta (3), Rebeca Robles-Garcia (4), Marcos Benedetti (3), Valdiléa Veloso (3) e Beatriz Grinsztejn (3).

(1)Escola de Medicina da Universidade do Sul da Califórnia, Los Angeles, Estados Unidos

(2)Universidade Peruana Cayetano Heredia, Lima, Peru

(3)Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil

(4)Instituto Nacional de Psiquiatría Ramon de la Fuente Muñiz, Cidade do México, México.