Escolhas e preferências de PrEP: insights do Estudo ImPrEP CAB Brasil
O principal destaque do ImPrEP CAB Brasil na na 13ª Conferência da Internacional AIDS Society (IAS 2025), realizada, de 13 a 17 de julho, em Kigali, Ruanda, foi a organização do simpósio-satélite “Implementação da PrEP de longa duração em cenários do mundo real – o projeto ImPrEP”.
Entre as explanações trazidas pelo simpósio, estava “Escolhas e preferências de PrEP: insights do Estudo ImPrEP CAB Brasil”, conduzida por Cristina Pimenta, pesquisadora do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, que iniciou informando que o principal objetivo do estudo era examinar as vantagens e desvantagens das escolhas das modalidades da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV ofertadas pelo projeto.
Em seguida, relatou que, de outubro de 2023 a julho de 2024, os participantes, pertencentes a minorias sexuais e de gênero, foram submetidos a entrevistas, nas quais recebiam somente um aconselhamento padrão sobre questões relacionadas à profilaxia ou o aconselhamento padrão associado à intervenção de mHealth, ferramenta composta por vídeos curtos sobre as diferentes modalidades de PrEP e demais métodos de prevenção do HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis que tinha por objetivo auxiliar na escolha da profilaxia.
De acordo com Cristina, 120 entrevistas foram realizadas, com 48 voluntários recebendo o aconselhamento padrão e 72 recebendo o aconselho padrão associado à mHealth. A maioria dos entrevistados era composta por homens cisgênero (85%), tinham de 25 a 30 anos (58,4%), se autodeclararam negros ou pardos (59,1%), haviam frequentado o ensino superior (65,8%) e escolheram a PrEP injetável de longa duração (89,2%). Entre aqueles que optaram pelas injeções de CAB-LA, 39,3% foram expostos somente ao aconselhamento padrão e 60,7% tiveram acesso ao atendimento padrão com mHealth.
Entre os resultados, a pesquisadora destacou que a maioria dos participantes conhecia a PrEP oral diária, mas não possuía conhecimento sobre a modalidade injetável de longa duração da profilaxia antes da inclusão no estudo. Cristina ressaltou, ainda, que a principal motivação para buscar e optar por uma modalidade de PrEP estava relacionada ao risco percebido de infecção pelo HIV e que as escolhas foram influenciadas por fatores como eficácia do medicamento, compreensão dos efeitos colaterais e praticidade.
Segundo ela, os principais fatores facilitadores associados à escolha da PrEP oral eram a familiaridade com o medicamento, conhecer algum usuário e o fácil acesso em caso de viagem, enquanto as barreiras eram o esquecimento da ingestão diária, não possuir um local adequado para o armazenamento e o medo do estigma por parte da família, colegas ou parceiros.
Com relação à escolha da PrEP injetável de longa duração, os principais fatores facilitadores foram praticidade, maior eficácia, menos preocupações com interrupções e o sentimento de maior confiança, segurança e proteção. Em contrapartida, as barreiras eram o medo de agulhas, as preocupações com possíveis reações adversas no pós-injeções, preocupações com consultas clínicas mais longas e o receio de desenvolver resistência ao medicamento.
Ao finalizar sua apresentação, Cristina informou que a escolha de PrEP aponta para a necessidade de se fornecer informações abrangentes e apoio direcionado nos processos de tomada de decisão e que a opção pela modalidade da profilaxia é motivada pela vulnerabilidade autopercebida do HIV. Segundo ela, abordar lacunas de conhecimento é fundamental para aumentar a eficácia do fornecimento de PrEP e, em última análise, otimizar os resultados de saúde para as pessoas mais expostas ao risco de infecção pelo vírus.