Artigo do ImPrEP CAB Brasil aborda percepções e preferências da PrEP de longa duração entre jovens de minorias sexuais e de gênero
Artigo assinado pelo projeto ImPrEP CAB Brasil, e publicado na edição de julho de 2025 no Journal of International AIDS Society, investigou as percepções e preferências entre jovens de minorias sexuais e de gênero em relação às modalidades oral e injetável de longa duração da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV, assim como a aceitabilidade de uma intervenção de saúde móvel (mHealth). Apesar de a eficácia da PrEP com cabotegravir de ação prolongada (CAB-LA) ter sido comprovada, estudos adicionais como esse são importantes para embasar estratégias eficazes de implementação.
Conduzido por Cristina Pimenta, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz/RJ, e outros colaboradores*, o estudo qualitativo do projeto ImPrEP CAB Brasil incluiu participantes de 18 a 30 anos que optaram por PrEP oral ou injetável em seis cidades brasileiras (Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas, Salvador, Manaus e Florianópolis). No total, foram realizadas 120 entrevistas – 107 com usuários de CAB-LA e 13 que escolheram a modalidade da PrEP oral.
As razões mais apontadas para a escolha do CAB-LA foram conveniência, praticidade, adesão mais simples e maior eficácia quando comparada à PrEP oral. Por sua vez, as principais barreiras para não escolher essa modalidade foram medo de injeção e dor. Já os que escolheram a PrEP oral relataram facilidade de levar o medicamento para qualquer lugar, ausência de injeções e opção de interromper o uso do medicamento preventivo caso necessário ou desejado.
Em relação ao uso da mHealth, o artigo avaliou sua utilidade para auxiliar a tomada de decisão e a usabilidade da plataforma. O mHealth foi considerado uma ferramenta dinâmica, interessante e útil – os usuários elogiaram a fácil compreensão das informações, a linguagem acessível, objetiva e didática., A ferramenta, no entanto, não foi vista como substitutiva ao acompanhamento presencial, mas sim como complementar.
O estudo reforça que para ampliar o acesso e a efetividade da PrEP entre jovens de minorias sexuais e de gênero é essencial prover informações detalhadas e fornecer suporte na tomada de decisão, respeitando a autonomia e os contextos de vida dos usuários. Para os autores do artigo, os resultados do estudo podem ajudar a embasar estratégias mais responsivas de implementação com o CAB-LA, ampliando a educação sobre a PrEP e a percepção de risco sobre o HIV.
Link para o artigo:
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/jia2.26493
*Autores:
Cristina Pimenta (1), Claudio Mann (1), Brenda Hoagland (1), Eduardo Carvalheira (1), Cristina Jalil (1), Marcos Benedetti (1), Nilo Fernandes (1), Carolina Coutinho (1), Emilia Jalil (1), Mayara Secco (1), Roberta Trefiglio (1), Alessandro Farias (2), Maria Paula Mourão (3), José Madruga (4), Josué Lima (5), Ronaldo Zonta (6), Gabrielle O’Malley (7), Valdiléa Veloso (1), Beatriz Grinsztejn (1), Thiago Torres (1) e Grupo de Estudos ImPrEP CAB Brasil.
(1) Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz), Rio de Janeiro, Brasil
(2) Centro Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa, Salvador, Brasil
(3) Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado, Manaus, Brasil
(4) Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids, São Paulo, Brasil
(5) Centro de Referência em DST/Aids, Campinas, Brasil
(6) Centro de Testagem e Aconselhamento – Policlínica Centro, Florianópolis, Brasil
(7) Departamento de Saúde Global, Escolas de Medicina e Saúde Pública, Universidade de Washington, Seattle EUA.