Lacunas nos serviços de saúde especializados em HIV para jovens e adolescentes
Frequentar serviços de saúde/clínicas especializadas em HIV pode ser um método importante de prevenção do vírus, especialmente entre jovens e adolescentes de todo o mundo. Estudo publicado, em 3 de abril de 2025, no Journal of the International AIDS Society, avaliou o fornecimento desse tipo de serviço, em 11 países, situados em diversos continentes. A análise foi conduzida por Lonnie Embleton, da Escola de Medicina de Icahn, em Nova York, nos Estados Unidos, e outros pesquisadores.
Os investigadores coletaram dados de 16 clínicas, localizadas no Brasil, Haiti, Honduras, Costa do Marfim, Quênia, Filipinas, Ruanda, África do Sul, Tanzânia, Tailândia e Zâmbia. As informações foram retiradas do Banco de Dados Epidemiológicos para Avaliar a Aids, do IeDEA (um consórcio internacional de pesquisa sobre o HIV), de agosto de 2020 a outubro de 2022.
No geral, 13 das 16 clínicas (81%) possuíam serviços de saúde especializados em HIV, dedicados exclusivamente aos jovens e adolescentes, principalmente nos dias úteis. Uma proporção limitada de clínicas oferecia serviços de saúde sexual e reprodutiva para essa população, com 53% realizando exames de gravidez, 50% fornecendo métodos de planejamento familiar e 38% disponibilizando exames de câncer cervical, que identifica a presença de tumores no colo do útero.
Em todos os locais, enfermeiras e conselheiros prestaram serviços aos adolescentes. Mais da metade de todas as clínicas (69%) relatou oferecer educação em saúde a esses jovens para facilitar o letramento em saúde. Educadores de pares e navegadores estiveram envolvidos na prestação de serviços em 62% dos locais, principalmente naqueles com serviços dedicados a adolescentes (69%). Houve integração limitada dos serviços de saúde sexual e reprodutiva nas clínicas de HIV para o público adolescente.
Apenas 44% das clínicas rastreavam abuso físico ou violência doméstica, enquanto 38% monitoravam abuso sexual ou estupro. Uma baixa proporção de clínicas buscou identificar fatores de risco relacionados à população-chave do estudo, incluindo uso de drogas (56%), falta de moradia (38%), homens jovens fazendo sexo com homens (31%) e sexo transacional (31%). A triagem de saúde mental foi variável. Em contrapartida, quase todas as clínicas ofereciam testagem para HIV.
Para os autores, ainda existem lacunas importantes na maioria das clínicas especializadas em HIV voltadas para jovens e adolescentes. Eles ressaltam que há necessidade vital de se projetar serviços que sejam acessíveis, equitativos e eficazes para esse público, a fim de atender aos padrões globais de prestação de cuidados de saúde.
Fonte: site do Journal of the International AIDS Society, de 3 de abril de 2025.