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Tratamento do HIV baseado em dois comprimidos é aceitável na Holanda, desde que gere economia significativa

Na Holanda, pessoas que fazem a terapia antirretroviral ao HIV com um único comprimido diário aceitam mudar para um tratamento baseado em dois comprimidos, desde que isso gere uma economia significativa. Essa é a principal conclusão de um estudo conduzido por Peter Oosterhof, do Hospital OLVG, localizado em Amsterdã, e outros pesquisadores. O ensaio foi publicado, em 7 de maio de 2024, na revista HIV Medicine.

O estudo incluiu, de 2020 a 2023, 283 pessoas que frequentavam cinco grandes clínicas privadas holandesas especializadas no tratamento do HIV. A mediana de idade dos participantes foi de 52 anos, sendo a maioria homens (86%) e em tratamento para o HIV há, em média, nove anos.

Aos voluntários que tomavam um comprimido de Triumeq (abacavir/lamivudina/dolutegravir), Eviplera (fumarato de tenofovir desoproxila/entricitabina/rilpivirina) ou Atripla (fumarato de tenofovir desoproxila/entricitabina/efavirenz) foi oferecida a opção de mudar para um regime mais barato, baseado em um comprimido genérico de um inibidor nucleosídeo da transcriptase, associado a outro comprimido de dolutegravir, rilpivirina ou efavirenz. Os pesquisadores enfatizaram que aqueles que desejassem poderiam continuar com o tratamento original.

A maioria (60%) concordou em mudar para o regime mais econômico, com dois comprimidos. Aqueles que optaram pela mudança tendiam a ser mais velhos, viver com o diagnóstico de HIV há mais tempo e tomar outros tipos de medicamentos além dos antirretrovirais. Não houve diferença relevante na adesão autorrelatada ao tratamento entre os indivíduos que mudaram e os que continuaram no regime de comprimido único.

Por outro lado, a opção de mudar de regime diferiu consideravelmente entre as duas maiores clínicas inscritas na análise. Enquanto em uma delas 74% dos voluntários concordaram com a troca, na outra, apenas 41% aceitaram fazer o mesmo. Nas demais clínicas, aproximadamente 55% dos participantes mudaram de tratamento.

De acordo com os autores, a mudança para um regime com dois comprimidos ocasionou uma economia de cerca de 400 euros anuais por paciente. Eles ressaltam que devido ao êxito do estudo, essa política deve ser implantada em larga escala no país, apesar das objeções de farmacêuticos, que protestam contra a obrigatoriedade de fornecer dois medicamentos ao invés de apenas um.

Fonte: site da HIV Medicine, de 7 de maio de 2024.

(https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/hiv.13655)