Diversos fatores podem estar associados ao uso da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV, alguns deles relativos a “estigmas estruturais”, que podem ser compreendidos como aqueles relacionados a instituições, políticas e práticas sociais de determinada cidade, local ou país. Um artigo publicado em novembro de 2013 no Journal of the International AIDS Society buscou avaliar a associação entre o reconhecimento legal do casamento entre pessoas do mesmo sexo nos Estados Unidos, que aconteceu em tempos diferentes em muitos estados, e o uso da PrEP entre gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH). O artigo foi elaborado por Julia Raifman, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston (EUA), e outros autores.

A hipótese do artigo foi avaliar em que medida os estados que implementaram políticas de casamento entre pessoas do mesmo sexo mais cedo possuíram maior quantidade de prescrições de PrEP para HSH em 2019, se comparados com estados que implementaram tais políticas posteriormente. A partir de dados disponíveis em uma base de dados (AIDSVu), os autores observaram 50 estados dos EUA de 2012 a 2019, sete dos quais implementaram o casamento entre pessoas do mesmo sexo antes de 2012, 10 em 2012-2013, e 33 em 2014-2015. Os dados foram expressos no número de prescrições de PrEP para HSH por 100.000 pessoas.

O estudo confirmou que estados que reconheceram o casamento entre pessoas do mesmo sexo de 2004 a 2011 tiveram taxas de prescrição da PrEP maiores em relação a estados que o fizeram em 2012-2013. Para o ano de 2019, a diferença no número de prescrições da profilaxia foi de 137,98 por 100.000 pessoas em estados que implementaram o casamento de 2004 a 2011; e de 27,2 por 100.000 pessoas em estados que implementaram em 2012-2013.

Nesse sentido, o trabalho realizado confirmou a hipótese levantada, reforçando a ideia de que a redução de estigmas estruturais pode melhorar a prevenção do HIV entre HSH dos Estados Unidos.

Link para o artigo: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/jia2.26180