Um panorama de pessoas em situação de rua vivendo com HIV e suas preferências em termos de atendimento
De acordo com um estudo apresentado na 11ª Conferência sobre a Ciência do HIV (IAS 2021), promovida virtualmente pela International Aids Society, de 18 a 21 de julho, pessoas que vivem em situação de rua ou em moradias incertas diferem nos tipos de tratamento de HIV ao qual preferem. Como se sabe, falta de moradia e moradia incerta são fatores de risco para o baixo engajamento nos cuidados de HIV, dificuldade de manter a supressão viral e um maior risco de morte. “Durante a pandemia de Covid-19, as pessoas com HIV que vivem nessas condições nos Estados Unidos enfrentaram desafios médicos e socioeconômicos combinados”, disse a pesquisadora principal do trabalho, Elizabeth Imbert, da Universidade da Califórnia.
As pessoas que vivem com HIV em San Francisco têm bons resultados de tratamento em geral, com 75% de todos os indivíduos apresentando carga viral indetectável, índice que cai para 39% entre as pessoas em situação de rua.Em 2019, 18% dos novos diagnósticos de HIV ocorreram entre essa população. A equipe do estudo conduziu uma nova e mais discreta abordagem para avaliar as estratégias preferidas dessas pessoas vivendo com HIV para melhorar o envolvimento nos cuidados necessários para o tratamento.
A análise inscreveu participantes entre julho e novembro de 2020. De 840 pessoas, 146 foram consideradas elegíveis e 115 responderam à pesquisa: 59 pessoas do programa POP-UP (Programa de Saúde Positiva para Populações com Moradias Instáveis) na clínica de HIV do Hospital Geral de San Francisco e 56 pessoas que acessaram os cuidados primários tradicionais e tiveram um recente tratamento não suprimindo a carga viral. Metade eram brancos, 34% latinos e 20% negros. Mais de 75% eram homens cis, 6% mulheres cis e 11% mulheres trans. Mais da metade relatou uso diário de metanfetamina. Quatro em cada dez disseram que viviam recentemente ao ar livre.
Os pesquisadores identificaram diferentes preferências de cuidados entre os participantes da pesquisa. Enquanto 68% são a favor de cuidados flexíveis, 32% afirmaram preferirfrequentar o mesmo provedor de saúde. Os entrevistados disseram preferir as visitas de emergência as consultas agendadas e atendimento presencial ao invés das consultas por vídeo.
O estudo conclui que os modelos de serviço para clínicas de HIV públicas que incluem opções de atendimento presencial incentivado, continuidade do provedor e flexibilidade dos serviços podem melhorar o envolvimento no atendimento e reduzir a disparidade na supressão viral para pessoas em situação de rua ou sem moradiafixa vivendo com HIV.
Fonte: AidsMap, 20 de julho de 2021