Aceitabilidade da PrEP de longa duração entre HSH que descontinuaram o uso da profilaxia oral diária
Ainda que com eficácia comprovada em ensaios clínicos, a profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV em seu formato oral diário, na composição fumarato de tenofovir desoproxila combinado com entricitabina (TDF/FTC), apresenta alguns desafios em situações do mundo real, especialmente em termos de adesão às pílulas e à própria profilaxia ao longo do tempo. Explorar formatos alternativos de PrEP é uma das estratégias para se vencer tais barreiras.
Um artigo publicado no periódico BMC Public Health, em agosto de 2023, investigou a aceitabilidade da PrEP a partir de novas formulações de longa duração. Conduzido por Brooke Rogers, da Medical School of Brown University, de Providence (EUA), o estudo entrevistou 49 gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) que haviam iniciado e interrompido a PrEP oral diária em três cidades estadunidenses de Rhode Island, Missouri e Mississippi.
As alternativas de PrEP de longa duração apresentadas foram: injetável, implante subdérmico e comprimido de ingestão mensal. Fora a PrEP injetável, na composição de cabotegravir intramuscular, aprovada em dezembro de 2021 pela Food and Drug Administration (FDA), agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, os outros dois formatos ainda se encontram em fase de testes.
Os voluntários foram recrutados a partir da participação em programas com PrEP oral de uma das três cidades, sendo elegíveis aqueles que apresentassem dificuldades no engajamento e adesão às pílulas. No geral, as entrevistas demonstraram desconhecimento sobre as formulações da profilaxia de longa duração, mas interesse em saber mais sobre o assunto.
Os participantes manifestaram, também, receios sobre a eficácia e efeitos colaterais dos medicamentos, e tenderam a preferir as opções injetáveis e de pílulas mensais ao implante subdérmico. Além de questões relativas à segurança e eficácia, um dos fatores mais mencionados para determinar a escolha foi a redução de visitas de acompanhamento às clínicas.
A PrEP de longa duração tem potencial de melhorar a adesão à profilaxia e expandir o seu uso. No entanto, aumentar a divulgação sobre a segurança e eficácia das novas opções se mostrou um fator crucial para garantir tal êxito, bem como encontrar estratégias para reduzir a necessidade de deslocamento aos centros de estudo.
Link para o artigo: https://bmcpublichealth.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12889-023-16382-4