HIV, IST e Outros

Lições oferecidas pelo combate à pandemia de Covid-19 para a resposta ao HIV

Devido à sua proporção planetária, a pandemia de Covid-19 foi um marco para o século 21. Com impactos em áreas tão diversas como a saúde, a economia e a cultura, seus efeitos ainda se fazem sentir, e compreender suas consequências e lições é ainda uma tarefa em aberto.

Refletindo sobre os desafios trazidos por essa pandemia, artigo assinado por Michael Isbell e outros colaboradores, entre eles Beatriz Grinsztejn, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas/Fiocruz*, e publicado na edição de novembro de 2022 do periódico BMJ Global Health, buscou destacar lições aprendidas com a Covid-19 que podem ser direcionadas ao enfrentamento da pandemia de HIV.

Assim como ressaltam os autores, o tempo de resposta à Covid-19 foi feito de maneira sem precedentes. Nunca antes uma vacina foi testada e disponibilizada em tão pouco tempo – cerca de sete meses. Até então, o período para a produção de vacinas era de aproximadamente quatro anos. Nesse sentido, o enfrentamento à Covid-19 demonstrou que ensaios clínicos de novas vacinas e terapias podem ser conduzidos de maneira bem mais rápida do que no passado.

Outro ponto destacado foi a acessibilidade a testes de diagnóstico para Covid-19, que, de forma bastante rápida, evoluiu de testes laboratoriais para autotestes realizados em casa, outra lição da qual o monitoramento e diagnóstico de HIV pode tirar proveito. A quase imediata e acessível disponibilização de dados sobre a pandemia de Covid-19, atualizados diariamente e disponíveis em alguns sites, também é uma lição a ser aprendida.

Além desses aspectos positivos, o artigo chama a atenção para lições em relação ao que o advento da Covid-19 não foi tão bem-sucedido, como, por exemplo, a lentidão em garantir acesso universal à vacina, em especial a países de média e baixa renda, o que acende o alerta para a necessidade de uma responsabilidade compartilhada para enfrentar desafios globais de saúde.

Link para o artigo:

https://gh.bmj.com/content/7/11/e010854

* Autores do artigo:

Michael Isbell (1), Linda-Gail Bekker (2), Beatriz Grinsztejn (3), Jennifer Kates (4), Adeeba Kamarulzaman (5,6), Sharon Lewin (7,8), Kenneth Ngure (9), NittayaPhanuphak (10), Anton Pozniak (11,12) e Anna Grimsrud (13)

(1)Consultant, Nova York,EUA 

      
(2)The Desmond Tutu HIV Centre, Universidade da Cidade do Cabo, Rondebosch, África do Sul

(3)Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil

(4)Fundação Henry J. Kaiser Family, Washington, EUA

(5)Universidade de Malaya, Kuala Lumpur, Malásia

(6)Departamento de Medicina, Universidade de Malaya, Kuala Lumpur, Malásia

(7)Departamento de Doenças Infecciosas,The Peter Doherty Institute for Infection and Immunity Melbourne, Universidade de Melbourne, Flórida, Austrália

(8)Hospital Royal Melbourne, The Peter Doherty Institute for Infection and Immunity, Universidade de Melbourne, Flórida, Austrália

(9)Escola de Saúde Pública, Universidade de Agricultura e Tecnologia JomoKenyatta, Nairóbi, Quênia

(10)Instituto de Pesquisa e Inovação em HIV, Bangkok, Tailândia

(11)Departamento de Medicina em HIV, Chelsea & Westminster Hospital NHS Foundation Trust, Londres, Reino Unido

(12)Departamento de Pesquisa Clínica, London School of Hygiene& Tropical Medicine, Londres, Reino Unido
(13)HIV Programmes & Advocacy, International AIDS Society, Cidade do Cabo, África do Sul