Mesmo com mutação no HIV, pessoas que tomam dolutegravir/lamivudina não apresentam risco aumentado de rebote viral
De acordo com o estudo LAMRES, a presença de uma mutação no HIV que causa resistência à lamivudina e à emtricitabina não aumentou o risco de rebote viral na maioria das pessoas que vivem com o vírus, apresentam supressão viral e mudaram a terapia antirretroviral (TARV) para um regime de dois medicamentos com dolutegravir/lamivudina. A pesquisa, conduzida por Maria Santoro, da Universidade de Roma, Itália, foi publicada, em outubro de 2022, no Journal of Global Antimicrobial Resitance.
O estudo analisou os resultados em participantes com uma carga viral totalmente suprimida, que mudaram seus tratamentos para dolutegravir/lamivudina. Todos foram submetidos a pelo menos um teste de resistência antes da mudança. No total, 712 voluntários, de clínicas da França, Itália e Espanha, foram elegíveis para inclusão na análise.
Os participantes eram predominantemente do sexo masculino (77%), estavam em TARV há uma média de sete anos e 52% apresentavam supressão viral há cinco anos ou mais. Quase todos (707) haviam tomado lamivudina ou emtricitabina anteriormente e 30% afirmaram já ter tomado dolutegravir.
Sessenta indivíduos (8,4%) tinham a mutação M184V, que causa resistência de alto nível à lamivudina e à emtricitabina, em pelo menos um teste de resistência anterior. Em 11 casos a mutação foi detectável apenas no DNA do HIV e não no vírus replicante.
O rebote viral foi definido como duas medições consecutivas de carga viral acima de 50 cópias/ml. Não houve diferença estatisticamente significativa no risco de rebote viral entre pessoas com a mutação M184V e aquelas sem a mutação no primeiro, segundo ou terceiro anos após a mudança para o tratamento com dois medicamentos. Após o terceiro ano, a probabilidade de rebote viral foi de 11,9% naqueles com a mutação M184V contra 6,35% naqueles sem. Quando os pesquisadores consideraram carga viral acima de 200 cópias/ml como rebote viral, não houve diferença significativa.
De acordo com os autores, após a recuperação viral, 21 dos 39 voluntários reprimiram novamente o HIV sem a necessidade de alterar a TARV. Somente um pequeno grupo de participantes apresentou, ao mesmo tempo, a mutação M184V e resistência ao inibidor da integrase.
Fonte: site do Journal of Global Antimicrobial Resitance, de 6 de outubro de 2022.