Autoteste de HIV para aumentar a demanda por prevenção combinada entre HSH e mulheres trans: um ensaio clínico randomizado e subestudo do projeto ImPrEP
O ImPrEP participou da 24ª Conferência Internacional de AIDS (AIDS 2022), realizada em Montreal, no Canadá, de 29 de julho a 2 de agosto. “Autoteste de HIV para aumentar a demanda por prevenção combinada entre HSH e mulheres trans: um ensaio clínico randomizado e subestudo do projeto ImPrEP”, liderado por Kelika Konda, da Universidade Peruana Cayetano Heredia, e outros colaboradores do Grupo de Estudos ImPrEP*, foi um dos pôsteres apresentados pelo projeto no evento.
O autoteste de HIV é altamente preciso e recomendado pela Organização Mundial da Saúde para aumentar a prevenção ao vírus. O estudo avaliou a viabilidade e eficácia da distribuição secundária do autoteste para usuários da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV, com objetivo de aumentar a demanda por prevenção combinada.
O ensaio controlado inscreveu gays e outros homens que fazem sexo com homens e mulheres trans usuários de PrEP há pelo menos seis meses, em dois locais do Rio de Janeiro e em três de Lima. Os participantes foram randomizados 1:1 para receber cinco vouchers com autotestes (a serem distribuídos juntos) ou somente cinco vouchers (braço de controle), tendo sido instruídos a distribuí-los para a sua rede de contatos (amigos, parceiros sexuais etc.).
Todos os voluntários para distribuição de vouchers e autotestes foram capacitados. Os vouchers convidavam as pessoas para os serviços de prevenção combinada nos centros de estudo ImPrEP, incluindo teste de HIV, PrEP e profilaxia pós-exposição (PEP) ao HIIV. Cada voucher continha um código de barras que permitia a vinculação do participante que distribuiu o autoteste ou voucher ao indivíduo recrutado.
De julho de 2019 a janeiro de 2021, os centros de estudo brasileiros convidaram 705 pessoas e incluíram 418 (59%). No Peru, 325 indivíduos foram convidados e 276 (85%) incluídos. No Brasil, o recrutamento foi ligeiramente superior no grupo de pessoas somente com vouchers (braço de controle), enquanto no Peru o recrutamento foi consideravelmente maior entre os participantes desse mesmo grupo. Entre os recrutados no Brasil, 14 viviam com HIV e 73 foram incluídos na PrEP. Dos incluídos no Peru, 20 viviam com HIV e 137 começaram a usar a profilaxia. Todos os indivíduos positivos para o vírus iniciaram o tratamento antirretroviral.
Segundo os pesquisadores, ambos os braços recrutaram com sucesso HSH e mulheres trans para consultas de prevenção combinada do HIV, mas no Peru, o braço dos que receberam somente vouchers foi mais bem-sucedido no recrutamento de participantes para o serviço de saúde. Pessoas com resultado negativo para o vírus podem ter considerado os serviços adicionais desnecessários, apesar da disponibilidade de PrEP em todos os centros.
*Autores do trabalho:
Kelika Konda(1), Brenda Hoagland(2), Karen Campos(1), Nilo Fernandes(2), Gino Calvo(1), Cristina Pimenta(3), Marcos Benedetti(2), Thiago Torres(2), Carla Rocha(2), José Roberto Grangeiro(2), Edilene Bastos(2), Sergio Nazer(2), Ronaldo Ismério(2), Maurício de Vasconcelos(2), Luiz Antônio Camacho(4), Claudio Palombo(5), Carlos Cáceres(1), Beatriz Grinsztejn (2) e Valdiléa Veloso(2), do Grupo de Estudos ImPrEP
(1) Centro de Investigação Interdisciplinar em Sexualidade, Aids e Sociedade, da Universidade Peruana Cayetano Heredia, Lima, Peru
(2) Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rio de Janeiro, Brasil
(3) Ministério da Saúde do Brasil, Brasília, Brasil
(4) Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca/Fiocruz,Rio de Janeiro, Brasil
(5)Hospital Municipal Carlos Tortelly, Niterói (RJ), Brasil