França zera as transmissões verticais de HIV em cerca de 5 mil mulheres grávidas
Um estudo, conduzido por Jeanne Sibuide, do National French Perinatal Cohort, mostrou que, em dados coletados desde 2000, a taxa de transmissão vertical do HIV entre mulheres que estavam em uso da terapia antirretroviral (TARV) no momento da concepção, tinham carga viral indetectável (abaixo de 50 cópias/ml) e não amamentaram, foi de 0%. O trabalho foi apresentado em forma de pôster na 24ª Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI 2022), realizada virtualmente de 12 a 24 de fevereiro.
Entre 2000 e 2017, 15.959 bebês nasceram de mães vivendo com o HIV na França. Foram excluídos das análises 37 recém-nascidos que foram amamentados e 1.292 que não seguiram no acompanhamento médico. Os dados foram coletados até os dois anos de idade.
O valor de 0% se refere aos 5.482 bebês cujas mães já estavam em TARV quando engravidaram, tinham carga viral indetectável no momento do parto e não amamentaram. Além disso, também houve uma taxa de transmissão de 0% para 2.358 bebês em que as mães tinham cargas virais indetectáveis durante os primeiros três meses de gravidez.
De acordo com os dados divulgados, as taxas de transmissão vertical diminuíram de forma constante no país. Foram de 1,1% em 2000-2005 e 0,7% em 2006-2010, para 0,2% em 2011-2017. Nesse último período, o número corresponde a dez bebês de um total de 4.907. Ou seja, apenas um em cada 490 bebês não amamentados contraiu o HIV.
O estudo também confirmou as principais circunstâncias em que ocorreram as transmissões verticais:
– Quando as mães não receberam a TARV (taxa de transmissão de 8,3%);
– Quando demoraram a iniciar a TARV (0,5% quando iniciado no primeiro trimestre da gravidez, 0,8% no segundo trimestre e 1,7% terceiro trimestre);
– Quando a carga viral de mãe estava acima de 50 cópias/ml (0,2% com carga viral entre 50 cópias/ml e 400 cópias/ml e 2,4% acima de 400 cópias/ml);
– Em caso de parto prematuro (1,3% para bebês nascidos entre 32 e 36 semanas e 2,1% para os nascidos antes de 32 semanas).
Os pesquisadores afirmam que o desafio atual é aumentar o engajamento precoce das mulheres à TARV e promover de forma sustentada a adesão aos serviços de saúde.
Fonte: site da CROI, de 13 de fevereiro de 2022.