Alta aceitação da PrEP entre populações-chave na República Democrática do Congo
O primeiro estudo relativo à oferta da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV às pessoas mais afetadas pelo HIV na República Democrática do Congo apontou grande aceitação, apesar de os participantes apresentarem dificuldade para tomar a medicação todos os dias: a adesão foi considerada boa, mas o uso diário e as idas às consultas de acompanhamento foram irregulares para mais de um terço (39%).
O estudo, liderado por Julie Franks e Chloe Teasdale, do Departamento de Epidemiologia da Universidade de Columbia (EUA), aconteceu de fevereiro a maio de 2018 em sete clínicas das cidades de Kinshasa e Lubumbashi, tendo sido publicado em 8 de setembro de 2021 na AIDS Care. A um total de 469 pessoas HIV negativas que frequentavam essas clínicas foi oferecida a PrEP oral, com 75% aceitando a oferta. Daqueles que não a aceitaram, cerca de metade não estava interessada em tomar a medicação diária e 30% simplesmente achavam que não precisavam da profilaxia.
A maioria das pessoas que disseram sim à PrEP era de mulheres profissionais do sexo (79%). As demais foram identificadas como gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (20%) e mulheres trans (1%). Houve um claro cruzamento entre as populações, uma vez que 98% disseram que o trabalho sexual era a sua principal fonte de rendimento. Seis das trabalhadoras do sexo e um homem disseram ser usuários de drogas injetáveis (2% dos participantes) e 17% dos homens afirmaram ter tido relações sexuais com homens e mulheres. A idade média era de 30 anos.
Ao iniciarem a profilaxia, os participantes receberam preservativos e lubrificantes, foram testados e tratados para infecções sexualmente transmissíveis, e receberam aconselhamento sobre o uso diário da PrEP e informações sobre como reduzir o risco de contrair o HIV. Foram convidados a retornarem para consultas presenciais em um, três e seis meses.
O acompanhamento foi feito por ligações telefônicas, mensagens de texto e visitas domiciliares para lembrar às pessoas dos compromissos futuros e para reagendar visitas perdidas, tudo visando que o usuário da PrEP se mantivesse no programa. Cerca de 64% compareceram à consulta de acompanhamento de um mês. A proporção de pessoas que vieram para a consulta de três meses foi maior: 82%. O que chamou a atenção foi que cerca de um terço daqueles que compareceram à consulta de três meses não havia comparecido à consulta de um mês – voltaram ao programa, especialmente, em razão de campanhas de divulgação.
Quando a análise dos dados começou, 48% estavam usando PrEP por pelo menos seis meses, das quais 86% compareceram para a consulta de seis meses. Em relação à adesão, 39% disseram que perderam pelo menos duas doses na semana anterior. Nenhum participante em uso da PrEP foi diagnosticado com HIV.
A principal conclusão do estudo é que a PrEP pode ser administrada com eficácia como parte dos cuidados de rotina do HIV na República Democrática do Congo, desde que haja um acompanhamento eficaz e campanhas de divulgação. Após os resultados, a expectativa é que o Ministério da Saúde do país inclua a profilaxia nas diretrizes nacionais de HIV.
Fonte: Avert em 22 de setembro de 2021
https://www.avert.org/news/high-demand-prep-among-key-populations-drc