A maioria das pessoas com HIV gostaria de tentar a terapia injetável, dizem pesquisas
Dois terços das pessoas em uso da terapia antirretroviral (TARV) contra o HIV gostariam de mudar para um regime de ação prolongada, de acordo com pesquisa realizada em quatro países europeus e apresentada na Conferência Virtual de HIV, realizada de 5 a 8 de outubro, em Glasgow, Escócia. Os profissionais de saúde que responderam à mesma pesquisa pensam diferente: para eles, menos pessoas – cerca de 1/4 delas – optariam por trocar a forma de terapia.
Muitos atribuem esse resultado ao fato de a pesquisa ter sido realizada pela ViiV Healthcare, a farmacêutica fabricante do cabotegravir/rilpivirina injetável. No entanto, uma pesquisa italiana, realizada no mesmo período (durante 2019), e de forma independente, encontrou uma quantidade ainda maior de pessoas interessadas em injetáveis.
A pesquisa ViiV
A pesquisa ViiV foi realizada on-line na França, Alemanha, Itália e Reino Unido. Incluiu 120 profissionais de saúde e 688 pessoas vivendo com o HIV. Um terço dos participantes era do sexo feminino, pouco mais de 1/3 tinha mais de 50 anos e 89% tinham carga viral indetectável.
No geral, 66% estavam interessados em tentar um regime injetável de ação prolongada. Essas pessoas, em sua maioria, eram jovens, heterossexuais e com diagnósticos recentes. Os principais benefícios do ponto de vista dos pacientes foram facilidade de viajar, devido à não necessidade de transportar comprimidos (56%), ingestão menos frequente de medicamentos (53%), menor risco de perda de uma dose e, portanto, falha no tratamento (51%), e menor risco de transmissão do HIV (50%).
A pesquisa italiana
A pesquisa italiana, realizada por clínicas de saúde e organizações locais de pacientes, entrevistou 242 pessoas espalhadas por todo o país, incluindo ampla gama de idades (a maior parte na casa dos 30, 40 e 50 anos) e 1/4 de mulheres. Os pesquisadores convidaram os participantes a preencher um questionário durante as visitas às clínicas, via WhatsApp e redes sociais.
Cinquenta e nove por cento dos entrevistados tomavam um comprimido por dia e 82% disseram ter uma boa relação com a terapia antirretroviral. No entanto, 34% consideravam a TARV diária uma obrigação e uma restrição à sua liberdade.
Mais da metade das pessoas já tinha ouvido falar do regime injetável de longa duração e 89% estariam interessadas em mudar. Embora a maioria tenha afirmado que preferia receber as injeções em casa, 2/3 dos disseram que mesmo que a injeção só pudesse ser aplicada em um hospital, seu nível de interesse continuaria o mesmo.
Fonte: site do Aidsmap, de 5 de outubro de 2020.