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INI/FIOCRUZ-RJ: A TELEMEDICINA COMO FERRAMENTA NA OFERTA DA PREP DURANTE A COVID-19

A pandemia do novo coronavírus tem trazido imensos desafios à área de saúde, não apenas na busca pelo desenvolvimento de medicamentos e vacinas, mas também na continuidade da oferta de serviços. O artigo “A telemedicina como ferramenta na oferta da PrEP durante a Covid-19 em um grande serviço de prevenção ao HIV no Rio de Janeiro” aborda exatamente isso. 

Conduzido por Brenda Hoagland e outros pesquisadores* do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz (INI/Fiocruz) e do Ministério da Saúde, o trabalho descreve os procedimentos de telemedicina implementados no instituto, no Rio de Janeiro, no contexto da pandemia de Covid-19, tendo sido publicado em maio de 2020 no Brazilian Journal of Infectious Diseases, da Sociedade Brasileira de Infectologia (https://doi.org/10.1016/j.bjid.2020.05.004 – ver tradução em http://imprep.org/2020/06/10/a-telemedicina-como-ferramenta-na-oferta-da-prep-durante-a-covid-19-em-um-grande-servico-de-prevencao-ao-hiv-no-rio-de-janeiro/).

O artigo apresenta todas as etapas dos procedimentos adotados de telemedicina para a oferta da profilaxia pré-exposição oral e diária (PrEP) no INI/Fiocruz, seja por meio do PrEP SUS ou do projeto ImPrEP, organizados em três teleconsultas diferentes: consulta telefônica para rastrear suspeita dos sintomas de Covid-19; teleconsulta inicial, na qual o participante deve comparecer ao serviço para teste de HIV e reabastecimento de medicamentos; e teleconsultas de acompanhamento, em que os participantes se dirigem ao serviço de saúde apenas para receberem nova leva de medicamentos.

Desde a implementação dos procedimentos de telemedicina em 23 de março até maio de 2020, 331 participantes completaram o atendimento por telefone e as teleconsultas iniciais, com o tempo médio gasto no serviço reduzido em duas horas (de três para uma). Encontra-se em processo a coleta estruturada de dados sobre a aceitabilidade de todos os indivíduos que receberam a teleconsulta inicial. Até agora, a maioria relatou estar bastante satisfeita com os novos procedimentos.

De acordo com o artigo, apesar dos resultados otimistas preliminares, a implementação da telemedicina em outros serviços de PrEP no Brasil ou em outros países de renda baixa e média pode enfrentar restrições, como a pouco o acesso a celulares e internet, a disponibilidade de autotestes de HIV e sua aceitabilidade, assim como a falta de regulamentos sobre telemedicina e autoteste para HIV.

Entre as conclusões, o trabalho informa que a adoção de procedimentos de telemedicina em um grande serviço de PrEP está sendo eficaz para evitar a interrupção do uso da profilaxia e reduzir o tempo que os usuários gastam no serviço de saúde  durante o distanciamento social recomendado em relação à Covid-19. Dados preliminares apontam alta aceitabilidade, indicando que os procedimentos de telemedicina podem ser mantidos após a pandemia do novo coronavírus e deve ser considerado por outros serviços que ofertam a PrEP.

*Autores do artigo: Brenda Hoagland, Thiago S. Torres, Daniel R. B. Bezerra, Kim Geraldo, Valdiléa G. Veloso, Beatriz Grinsztejn, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz, e Cristina Pimenta, do Ministério da Saúde

Crédito da imagem: Barbara Alane/Pixabay